terça-feira, 17 de março de 2009

O Menino do Lápis



O menino do lápis


Rapaz sossegado, franzino e de poucas palavras. Enquanto os outros á bola jogavam ele, descobria o mundo pela perspectiva de um canto qualquer, onde tinha que se sentir seguro, absolutamente seguro, e onde as hipóteses de ser perturbado fossem quase nulas, para assim poder dar azo as ideias que lhe brotavam na cabeça.
Ouvia, que a isso chamavam timidez mas ele não fazia questão de a conhecer.
Gostava de estar só, não querendo com isso dizer sozinho, apenas só e a observar.
Adorava recolher elementos daquilo que o rodeava, para depois brincar com eles na sua mente!
Achava o processo cativante, desenvolveu técnicas que o permitiam modificar, inverter e exagerar tudo o que via, enfim o procedimento normal de uma jovem imaginação a tentar compreender o mundo.
Mas não foi assim que aprendeu a (re)conhecer o mundo, pois o processo usado depressa compreendeu ser efémero e infrutífero, além do que sentia uma enorme vontade de poder registar a sua versão na realidade, se é que ela existia!
A necessidade deu origem á procura, e quando se procura algo que ainda não se sabe bem o quê pode-se distorcer a necessidade.
Não foi o que aconteceu.
Sua perspicácia, sem ele se aperceber que a tinha, fez das suas; não permitiu que a ânsia se tornasse em desespero, essa cruzada era francamente desnecessária!
Tranquilo foi eliminando todas as hipóteses que lhe pareciam sofrer de insuficiência criativa, já que optara por estabelecer uma ligação entre o tempo, satisfação e criação, queria desse laço obter o melhor resultado possível.
Quem espera desespera ou quem espera sempre alcança?
Neste caso foi só esticar o braço para poder alcançar um lápis!
Um simples lápis…
Engraçado, a solução parece ser sempre muito simples depois de a conseguirmos!
Pôde enfim provar o pleno e o sublime.
Sabia a madeira e carvão, componente e fóssil, garantia e satisfação!
Pôde finalmente canalizar suas visões para qualquer espaço que estivesse preparado para as receber.
Era só vê-lo com risos a fazer riscos pelas paredes, pelos móveis, pelo chão e até pelo próprio corpo! Comunicava assim, de uma forma que os outros não compreendiam totalmente mas que o fazia feliz!


Gatafunhos que moldam a sua vida…


Dás-me a honra de te desenhar?



Cláudio Sousa

3 comentários:

  1. prometo comentar este blog desde que o conheço.
    prometo sugerir uma nova imagem logo que a vi.
    prometo dar um bocadinho daquilo que sei sempre que se fala nisso.

    prometo a mim mesma que farei tudo o que prometo.

    prometo resposta olhos nos olhos.

    sem mais,

    Gatafunho.

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  2. feliz menino que conseguiu parte da realização de um sonho,convém não adormecer sobre ele.
    um brinde ao menino:
    na estrada da vida,existe tudo que desejas até onde menos esperas podes encontrar alento,ouvindo o teu pensamento,valorizando o que te rodeia,por fazer parte do mundo.

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  3. Exm. menino do lapis, então você molda a sua vida a partir de gatafunhos? Talvez devesse recorrer a um dicionário para saber o verdadeiro significado da palavra "gatafunho". Posso ajudar nisso: "de gatafunhar, rabiscar, escrever mal." Pois acabei por não perceber se molda a sua vida a partir de riscos ao acaso ou de má escrita? Felizmente tem o próprio Gatafunho em pessoa ao seu dispor. Uma honra. Mas atenção, não vá o menino adormecer sobre o sonho, o lapis escorregar ou a mina partir-se, não vá o Gatafunho faltar à sua promessa e fica o menino do lapis sem resposta olhos nos olhos.

    Há mais Anónimos que Marias.

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